Funcionário do Samu quebra silêncio sobre omissão de socorro
O atendente do Samu Regional Imperatriz Marcos Vieira resolveu quebrar o silêncio sobre a suposta denúncia de omissão de socorro contra ele ocorrida no dia 31 de dezembro de 2018, assunto que virou destaque na imprensa nacional há cerca de dez dias.
A ocorrência diz respeito a uma comerciante que gravou a conversa com o atendente quando pedia uma ambulância para socorrer uma mulher ferida na perna na porta de seu estabelecimento.
A mulher disse em entrevista à imprensa e ao Ministério Público que o Samu se recusou a fazer o atendimento a senhora, fato que levou a direção do Samu a afastar o funcionário e abrir processo administrativo para apurar responsabilidades.
NOTA À IMPRENSA
Eu, MARCOS VIEIRA BARBOSA, brasileiro, servidor público municipal, à vista dos fatos ocorridos no dia 31/12/2018, que envolve meu nome relacionado a um atendimento não protocolado no SAMU, fato amplamente divulgado na imprensa, sem que eu tivesse a oportunidade de responder, venho por meio desta nota, esclarecer os fatos da seguinte forma:
Somente respondo agora por não ter tido condições psicológicas de fazê-lo antes, eis que tal repercussão me abalou por demais, tanto que estou usando medicação controlada para poder dormir, eis que não é fácil ter seu nome exposto nacionalmente, (inclusive impactando sua família e amigos) sem que você tenha a oportunidade de esclarecer em que circunstância tais fatos se deram;
Sou servidor do município de Imperatriz-MA, lotado na Secretaria de Saúde há quase 15 (quinze) anos e jamais houve qualquer reclamação ou alteração no meu trabalho, sempre agi dentro da lei e da normalidade, tendo o respeito de meus colegas e usuários dos serviços de saúde;
Ocorre que no dia 31/12/2018, por volta das 23h, um homem fez uma ligação ao SAMU, informando que na frente de um estabelecimento comercial se encontrava uma senhora aparentemente com ferimentos na perna e, após as perguntas de praxe do SAMU, entendi que o referido cidadão queria apenas que se retirasse a tal pessoa da frente do estabelecimento (função que não é do SAMU) e, em face das perguntas que são o protocolo do referido órgão, o tal cidadão passou a proferir palavras de baixo calão, desligando de imediato, fato que impediu que a ocorrência fosse registrada;
Cerda de 20 minutos após, com o mesmo telefone, uma senhora proprietária de um estabelecimento, ao que parece o mesmo, ligou dizendo as mesmas informações mas agora em forma de indagação, ao que parece buscando instigar uma resposta desagradável para gravar, como de fato o fez, quando o intento não era de socorrer a pessoa mas, tão somente retira-la da frente de seu estabelecimento, repito (função que não é cabível ao SAMU);
Ressalte-se que a tal pessoa ferida, jamais apareceu, não tendo nome, foto ou características dela, e, segundo informações a mesma fora levada por terceiros à uma unidade de saúde, todavia, não há nenhum registro disto, não existe o chamado “zero dia” e nem houve uma ocorrência formal do fato porque a senhora em pauta não finalizou o procedimento;
É possível notar na ligação que a referida senhora, instiga a minha pessoa a dar respostas desagradáveis, sem querer responder às perguntas de praxe e, antes de terminar as perguntas, a mesma desligou o telefone, não efetivando o registro da ocorrência, demonstrando desinteresse em ajudar a pessoa, tanto que sequer perguntou seu nome, fato que demonstra que a referida senhora queria apenas usar o SAMU para remover a pessoa da frente se seu estabelecimento;
Veja-se trechos de uma nota de desabafo publicada nas redes sociais por uma médica do SAMU desta cidade:
“... Pra vocês sentirem como o serviço anda banalizado, as ambulâncias de SERVIÇO DE ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA vêm carinhosamente sendo chamado de SAMUber e você sabe porquê? Porque 70% das ligações que entram para nós, são pessoas simplesmente querendo carona ao pronto atendimento para furar fila.”
Em outro trecho diz a médica do SAMU:
“Pessoas que possuem plenas condições de procurar atendimento médico sozinhas acham que o SAMU tem a obrigação de lavar todo e qualquer paciente aos serviços de saúde.”
“As motivações são as mais toscas possíveis: dor de dente, coligas menstruais, diarreia, gripe, cisco no olho. Isso sem contar as inúmeras vezes que donos de estabelecimentos se cansam de moradores de rua dormindo em frente ao seu comércio e chamam o SAMU alegando vítima desacordada.”
“Vocês não tem noção o quão é exaustivo passar 12 horas atrás de um telefone explicando que a ambulância é para URGÊNCIA E EMERGÊNCIA (o que parece óbvio) com RISCO EMINENTE DE VIDA. Recursos são limitados”.
Enfim, estou sendo moralmente linchado por estes fatos, quando somente fiz o meu dever de fazer as perguntas do protocolo do SAMU, e, infelizmente, a mídia somente expôs a parte da minha fala que causou repercussão nacional, sendo que na verdade, apenas fui infeliz numa palavra da última frase do atendimento, instigado pela senhora que se apresenta como heroína quando na verdade queria apenas se livrar de um ser humano que estava na frente de seu comércio, sem interessar-se sequer por saber seu nome ou acompanhá-la ao hospital.
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